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Psicomotricidade – O que é isso?

Numa sociedade onde: o culto ao corpo, o isolamento dos idosos, as dificuldades em  se entender as diferenças individuais, a inclusão e a miséria social são questão políticas, um vazio existencial gera patologias como a depressão; usa-se e abusa-se da infância e da adolescência como produtos de consumo e a competitividade e produtividade afetam o meio ambiente, nada mais justo que se refletir sobre as ciências que podem colaborar de forma isolada com cada uma dessas chagas sociais de nosso tempo.


A Psicomotricidade nasceu dos estudos de Wallon e da técnica reeducativa de Guilman, profissionais importantes da área da saúde e da educação,  que provaram que o psiquismo humano é um processo indissolúvel entre o homem e o meio ambiente. Essa ciência surge de estudos diversos de outras ciências, como a neurologia, antropologia, filosofia, pedagogia, psicanálise, psiquiatria, teorias cognitivas e muitas outras que lhe concebem como a ciência do equilíbrio humano, com um corpo próprio e um objeto cada vez mais claro sobre o estudo da relação entre a imagem e o esquema corporal.


Apesar do não reconhecimento oficial por muitos anos, já chegamos a essa regularização em 2019. Há psicomotricistas por todo o Brasil e em diversos países, que criaram seu campo de intervenção, com teorias e práticas que se distinguem pelo seu objeto específico de estudo, com linhas e tendências diferenciadas. Portanto essa ciência já tem história, percurso, teorias e práticas próprias, objeto e objetivos precisos e sua intervenção se dá na área da saúde, educação, esportes e mundo corporativo.

Há uma definição bastante reconhecida entre os apaixonados por essa ciência, que é de Ajurriaguerra:

“Psicomotricidade é a realização de um pensamento através de um ato motor coeso, econômico e harmonioso, exigindo para isso uma afetividade equilibrada”.


Na Educação Física sua atuação se dá nas práticas corporais, onde temos uma exacerbação das individualidades e um tabu pelo corpo perfeito. Esquece-se do respeito ao desenvolvimento humano e se pratica abusos irreversíveis junto à saúde de crianças e adultos.


Vivemos momentos de grande apelo dos profissionais da saúde para a prática das atividades físicas. Isso para que vivamos sem (ou com o mínimo de) doenças. É sabido os efeitos dos exercícios e o que ele traz ao organismo na qualidade de vida. No entanto, a forma com que esses exercícios são conduzidos, orientados e praticados é fonte de muita preocupação, pois com a “moda” constatamos um grande número de atletas de final de semana, que para se sentirem agregados, entram numa maratona irresponsável de práticas corporais, sem nenhuma regra e respeito as suas próprias individualidades e peculiaridades orgânicas e psíquicas para tal.


Exercitar-se é um dever consciente dos que procuram saúde, mas para isso é preciso disciplina, cuidado, orientação e prazer.

Sim, PRAZER

Chegamos ao cerne da Psicomotricidade. Tudo que “temos que” se transforma num dever e não num momento de prazer, daí nosso corpo não responderá de forma positiva aos resultados almejados. Quando somos influenciados por outras pessoas ou queremos estar na mesma “tribo”, falta-nos consciência e personalidade e com isso nossos mecanismos psíquicos estarão afetados (tanto quanto nosso corpo).


Corrida, natação, musculação, ciclismo ou qualquer outra prática esportiva só terá sentido se realizada com prescrição de exercícios que respeitem a idade, a capacidade corporal, as condições de saúde, a vontade e o prazer de cada indivíduo. Este tem uma história de vida, um físico e um psíquico único e como tal deverá ser “ouvido”. Sendo a ciência do equilíbrio humano, podemos utilizar a Psicomotricidade em vários processos, para prevenir e/ou reabilitar problemas originados da falta de harmonia entre o corpo / mente / prazer.

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Cacilda G. Velasco

Especialista em Psicomotricidade, Titulada Especialista em Gerontopsicomotricidade pela Associação Brasileira de Psicomotricidade. Professora, Pedagoga e Profissional de Educação Física, responsável Técnica da Associação VEM SER. Vários livros publicados na área psicomotora e diferentes atuações acadêmicas com cursos, congressos, mesa redonda e atuação desde 1984 em Terapias Psicomotoras na Água.

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Cacilda G. Velasco

Especialista em Psicomotricidade, Titulada Especialista em Gerontopsicomotricidade pela Associação Brasileira de Psicomotricidade. Professora, Pedagoga e Profissional de Educação Física, responsável Técnica da Associação VEM SER. Vários livros publicados na área psicomotora e diferentes atuações acadêmicas com cursos, congressos, mesa redonda e atuação desde 1984 em Terapias Psicomotoras na Água.

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Prof. Dr. Rui Fernando Roque Martins

Professor Associado na Faculdade de Motricidade Humana (FMH) da Universidade de Lisboa (UL)
Docente na licenciatura em Reabilitação Psicomotora e Coordenador do Curso do Mestrado em Reabilitação Psicomotora, da FMH – UL
Membro fundador e delegado português do Fórum Europeu de Psicomotricidade
Delegado Português da Organização Internacional de Psicomotricidade e Relaxação desde 1989.
Honoris Causa pela Organização Internacional de Psicomotricidade e Relaxação, pela contribuição para o desenvolvimento Internacional da Psicomotricidade
Membro fundador e Presidente da Associação Portuguesa de Psicomotricidade.